“Cuidar é mais que um
ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e
desvelo. Representa uma atitude de ocupação e de envolvimento afetivo com o
outro.” (Leonardo Boff).
Para estudo e
elaboração do Projeto Político Pedagógico, utilizamos as orientações do
Ministério da Educação nos seguintes documentos: Lei de Diretrizes e Bases
9394/96; Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, 2010; e a
Base Nacional Curricular Comum, de 2017. A Educação Infantil de 0 a 3 anos está
incorporada em Lei como sendo a “primeira etapa da educação básica”.
Para que essa
construção seja permanente e democrática, realizamos reuniões durante todo o
ano de forma que as decisões sejam tomadas em conjunto com o Conselho de Escola
e Associação de Pais e Mestres.
As
metas, a cada ano letivo, são pensadas por meio de avaliações com a
participação de todos os funcionários e famílias. Todas as propostas são realizadas,
respaldadas em princípios da inclusão, gratuidade e laicidade. Por
isso, não realizamos festas excludentes ou que estimulem o consumismo,
que desrespeitem a diversidade e os princípios da laicidade. Entendemos
que a escola deve ampliar a cultura e o conhecimento das crianças sem ferir
nenhum desses princípios.
Conscientes de que
ainda precisamos superar a concepção assistencialista das creches e romper com
práticas copiadas/reproduzidas de outros segmentos, refletimos constantemente,
em reuniões formativas, sobre a importância dessa etapa da vida do ser humano e
sobre quais ações pedagógicas são adequadas para bebes e crianças. Não queremos
substituir as famílias, no que se refere a compensar carências afetivas ou de
ordem material e também não queremos uma educação “escolarizada” que antecipe
práticas tradicionais do ensino fundamental, ou seja, que prepare a criança
para o futuro escolar. Buscamos pedagogias onde as crianças possam ter o
direito de viver a infância hoje com todas as oportunidades para desenvolver-se
de forma plena e integral, conhecendo o mundo por meio das interações,
brincadeiras, sendo cuidadas e educadas pelos adultos, enquanto estão na
creche, em parceria com as famílias.
Validamos a pedagogia humanizadora, respaldada em princípios de
cooperação, inclusão e valorização da diversidade cultural.
Elaborar um currículo
específico para essa fase da vida implica olhar para nossas práticas, escutar
as crianças, dialogar constantemente com as famílias e buscar fundamentação
teórica que dialogue com nossas concepções.
Temos consciência de que esse é o caminho para consolidamos a identidade
e valorização dos profissionais da creche. Para alcançarmos esses ideais de
educação investimos em formações que ressaltem a criança como protagonista e
ativa em seu processo de aprendizagem e no papel mediador de todos os adultos
envolvidos nesse processo educativo.
Entendemos que toda
ação do adulto provocará reação na criança que está construindo sua
personalidade e, por isso, combatemos qualquer tipo de ação desrespeitosa. As mediações são realizadas por todos os
funcionários, além dos educadores referências, portanto, serão sempre
educativas, realizadas com cuidado, atenção e amorosidade. São inaceitáveis
ações autoritárias e que comprometam a construção positiva da identidade das
crianças e bebes, como: apelidos, castigos, negligencias a necessidades afetivas
e físicas e tom de voz irônico ou debochado, gritos para intimidá-las,
situações vexatórias ou discriminatórias. Acolhemos com paciência e
tranquilidade crianças que sentem medo, choro e insegurança.
Nossas práticas apoiam o
movimento corporal com experiências que incentivem a interação. Rompemos com
ações que contenham o corpo, por exemplo, obrigando-as a permanecer, por longo
tempo, sentadas, andar em filas ou impedir a exploração livre e as
possibilidades do seu corpo e do ambiente. Nossa concepção é de que
motricidade, afetividade e desenvolvimento cognitivo não se separam. As
propostas são preparadas de forma a promover experiências nas diversas
linguagens, respeitando tempos e ritmos das crianças.
Planejamos variedades de situações e integrações com
brincadeiras, prevendo momentos onde crianças de idades diferentes se encontrem
e compartilhem materiais e espaços de brincar. Outras interações ocorrem durante
o dia, nos momentos em que transitam de um espaço para outro e principalmente
na hora das refeições, quando as crianças encontram-se com outras crianças e
outros adultos.
Observações dos gestos, movimentos corporais, sons
produzidos, expressões faciais, brincadeiras e toda forma de expressão e
comunicação são consideradas como fonte de conhecimento sobre o que a criança
já sabe ou sobre o que querem aprender, além de valorizarmos as informações
reveladas em conversas com as famílias e as características de acordo com a
fase em que estão, na hora de planejarmos as ações pedagógicas. A afetividade
com as crianças, o apoio constante a sua curiosidade natural, atrelada a
observação e registros sistemáticos por parte do educador são fios condutores
para o processo ensino aprendizagem.
Para alcançarmos uma boa qualidade no
atendimento, acreditamos ser importante garantir formação permanente para toda
equipe escolar, bem como, estreitarmos parceria com a comunidade, de forma que
as famílias conheçam e opinem sobre nosso trabalho. O grande desafio tem sido
buscar meios para acolher e incluir as famílias em discussões e construção do
Projeto Político Pedagógico e, também, para que estejam mais presentes durante
o ano.
Falar em projeto implica, sobretudo, falar de
tempo. Tempo para discutir, experimentar, interiorizar, refletir, agir, sonhar,
realizar e avaliar. Não preparamos as crianças para outros anos da escola e sim
para a vida!
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