“Vejo nossa escola,
como um lugar onde as crianças podem pesquisar livremente e, com seus amigos,
pensarem juntos e desta maneira interagirem com o ambiente e entre si,
apropriando-se de conhecimento, pois com independência buscam e encontram
subsídios para compor enredos de brincadeiras e criar possibilidades.” Professora
Daniela Marques
Não há como contarmos a história da
EMEB Armando Zóboli sem contextualizarmos com a história do Jardim Detroit e
com os acontecimentos vivenciados em todo país,
nas últimas décadas. As crises econômicas impulsionaram
a explosão demográfica nas grandes metrópoles.
Muitas pessoas mudaram de suas cidades natais em busca de
trabalho. Tais fatores alteraram o papel da mulher na
sociedade, que se lançou ao mercado de trabalho, assumindo por
muitas vezes, o papel de mantenedora da família. Esses
fatos mobilizaram a sociedade a reivindicar espaços seguros e adequados
para os bebes e crianças ficarem enquanto trabalhavam. E assim os primeiros
moradores desse bairro, representados pelos líderes da Associação de Amigos do
Bairro, reivindicaram das políticas públicas, a construção dessa creche.
O prédio foi construído onde antes era um terreno
baldio e acidentado, que por muito tempo foi utilizado pelas crianças para
brincarem e, posteriormente, funcionou como depósito clandestino de lixo.
As obras iniciaram no primeiro semestre de 2007 e
terminaram em março de 2008. Em 27 de março, deste mesmo ano, foi inaugurada,
intitulada como “EMEB do Jardim Detroit” e somente em 17 de Abril de 2008
obteve a nova denominação EMEB “Armando Zóboli”, através da lei nº 5.847/2008,
Projeto de Lei nº 65/2008.
O prédio chamava a atenção dos moradores e
profissionais da área da educação e havia uma preocupação iminente com a
segurança das crianças.
“A estrutura
ficou bem diferenciada dos outros modelos de creche da Rede, tanto pelo
tamanho, quanto pela capacidade de atendimento e, ainda pela estrutura em andares”. Causou-me preocupação o
fato de haver muitas escadas e rampas e que, principalmente nas escadas, ser
necessária a proteção de portões e redes nos vãos nas laterais. (Orientadora
Pedagógica, Sandra Regina Brito de Macedo, em 06 de março de 2008).
A cada ano a construção física da escola foi sendo
aprimorada. Inicialmente, foram
instalados portões nas escadas e em 2011 a escola passou por uma reforma
significativa para melhorar a estrutura interna e área externa. Delimitamos o
espaço da escola, entre o parque e as casas, com muro e alambrados. Durante a
reforma, no pavimento inferior, foi descoberto um espaço vazio, fechado com
paredes. Uma nova reforma foi realizada
em 2013, quando decidimos adaptar esses espaços vazios, transformando-os em
ateliê e brinquedoteca, além de uma sala para guardarmos materiais pedagógicos,
que ganhou o nome de “Sala da Criatividade”.
Essas modificações possibilitaram a ampliação de 10 para 11 turmas,
qualificando o atendimento, já que outro ganho foi a transformação do espaço
antigo da brinquedoteca em refeitório dos bebes.
Além de
conhecer a história do bairro, nos preocupamos com a comunidade em nosso
entorno, com a qual dialogamos constantemente, inclusive, assumimos junto aos
moradores locais, a responsabilidade de cuidar da questão do descarte do
lixo. Inicialmente, havia uma caçamba
que os moradores utilizavam, diariamente para descartar móveis, entulhos, animais
mortos e lixo orgânico. A partir de discussões iniciadas em 2009 e com a
elaboração do Projeto: Lixo, Problema Nosso, em 2010, discutimos em reuniões
formativas com a comunidade escolar e com os membros dos órgãos colegiados,
ações para solucionar esse problema. A caçamba foi retirada, mas o lixo veio
para a calçada em frente ao portão da unidade. Desde então, o planejamento de
ações para lidar com este problema foi priorizado.
Apesar de todos os nossos esforços ao longo dos anos
e de inúmeras estratégias para sensibilizar a comunidade sobre as questões
ambientais, o problema só foi resolvido quando os membros do Conselho de Escola
e APM realizaram uma pesquisa de campo para detectar as razões para que o lixo
fosse descartado na calçada da escola. O fato de conhecer a realidade das
famílias que moravam ao lado da escola e que não tinham espaços para
acondicionarem seu lixo, finalmente, indicou que o caminho seria de estabelecer
uma parceria para ajuda-las. Em 2017, em
diálogo com os moradores instalamos lixeiras para serem utilizadas pelas
famílias e revitalizamos a calçada. Foi um trabalho muito gratificante com
participação e atuação de todos!
Constatamos, através de pesquisas com as famílias,
que as crianças que atendemos, em sua maioria, moram em casas sem quintais. No
ano de 2014 elaboramos um Projeto coletivo e permanente na creche, que chamamos
de “Quintal de Brincadeiras” com foco no brincar na natureza e utilizando
materiais não estruturados. No ano de 2015 conseguimos inaugurar um espaço
específico para cultivar hortaliças com as crianças. Esse projeto iniciou-se em
uma turma e estendeu-se para as demais, incorporando-se ao quintal de
brincadeiras. Em 2016, investimos no plantio de árvores, ervas flores e
verduras, envolvendo a comunidade escolar neste trabalho, com o apoio da
Secretaria de Educação e do Meio Ambiente, que nos doou 24 mudas de árvores de
diversas espécies. Em 2017 continuamos a receber doações de pequenas mudas, das
famílias, além de floreiras construídas com paletes.
A comunidade tem avaliado bem e apoiado o trabalho
realizado nessa escola, demonstrando respeito e admiração pela equipe. Muitas
famílias voltam a nos procurar, reivindicando vagas para outras crianças.
Infelizmente não conseguimos atender todas as crianças
que precisam da creche. A lista de espera é grande, atualmente são 112 crianças
que estão sem atendimento e raramente ocorrem evasões / desistência de vagas.
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